Coronavírus avança no interior e tem um aumento de 3.302% nos casos em um mês
09/05/2020 - Saúde
Dados da Fiocruz e das secretarias estaduais revelam que a Covid está se irradiando das metrópoles para cidades menores. No começo, eram apenas casos importados do exterior. Em pouco mais de dois meses, a doença que se instalou nas grandes cidades agora ganha rosto em pequenos municípios.
Com pouco mais de 15 mil habitantes, Itajobi já tem dez casos e uma pessoa morreu vítima da Covid-19.
Antes de chegar ao interior, o novo coronavírus se alastrou primeiro pelas regiões metropolitana. “A pessoa que vai de uma cidade trabalhar na outra e volta. Nesses lugares de altíssima conectividade, o vírus se espalha por vizinhança”, explicam os especialistas.
Das metrópoles, a Covid-19 também se espalhou pelas estradas. O vírus que viaja com pessoas infectadas seguiu em São Paulo: a rota de polos regionais, como Campinas, Bauru e São José do Rio Preto, que segundo uma pesquisa da Unesp, viraram fontes de contaminação para cidades menores do entorno.
Em São Paulo, o número de casos no interior cresce a um ritmo quatro vezes maior do que na região metropolitana. Somente no mês de abril, registrou-se um aumento de 3.302% nos casos.
A interiorização da doença se repete em todo o Brasil. Nas cidades de até 100 mil habitantes. No começo de abril, 215 registravam 361 casos e 14 mortes por Covid-19. No fim do mês, já eram 1.750 municípios, com quase dez mil casos e 662 mortes.
Segundo o do Estado de São Paulo, o movimento coincidiu com a queda dos índices de isolamento social. As regras de isolamento valem para o estado inteiro.
A preocupação é que as cidades menores são as que têm menos infraestrutura hospitalar. “Um cenário bem provável. É o saturamento do serviço de saúde nas cidades grandes e esses municípios menores não vão estar conseguindo enviar seus pacientes”, disse Diego Ricardo Xavier, epidemiologista pesquisador da Fiocruz.
“Cada município maior e mais influente tem uma responsabilidade pela saúde dos municípios menores e que dele dependem. Não vai ser possível conter o vírus se forem tomadas medidas unilaterais dos governos. O vírus não respeita limites políticos administrativos. Nesse sentido, a gente precisa de um discurso de união e um trabalho em conjunto para tentar superar o problema”, completam os especialistas.
Itajobi, assim como outras 19 cidades pequenas da região, que não possuem UTI devido à logística implementada pela Diretoria Regional de Saúde, dependem da cidade vizinha de maior porte, Catanduva, para atendimento a casos de maior complexidade, principalmente internações em Unidades de Tratamento Intensivo.
O Ministério da Saúde declarou que repassou mais de R$ 5 bilhões para as secretarias estaduais, distribuiu 80 milhões de equipamentos de proteção individual para médicos e enfermeiros, e quase 5 milhões testes para a Covid. E que está ampliando o número de leitos.
O governo de São Paulo declarou que destinou R$ 40 milhões a cidades com menos de 100 mil habitantes, entre eles Itajobi, e que está abrindo novos leitos no estado.
De acordo com a Diretoria Municipal de Saúde, até o momento, para Itajobi só foram repassados R$ 300 mil reais. R$ 100 mil reais do Governo Estadual e R$ 200 mil do Governo Federal.
A Diretoria de Saúde reitera que a única forma de evitar o contágio e mantendo o Distanciamento Social e seguindo os protocolos de prevenção e higiene, como lavar as mãos sempre que possível, utilizar álcool em gel, permanecer em casa sempre que possível, sair apenas para atividades essenciais e, ao sair usar Máscara de Proteção Facial.





Foto Reprodução/Jornal Nacional (TV Globo)